Com hospitais lotados, Rio volta a ter fila para leitos de Covid-19

Acabaram as vagas de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) destinados a pacientes com coronavírus no Rio de Janeiro. Nesta quarta-feira (25), o número de pacientes que precisam de leitos de UTI de Covid-19 já é maior do que o número de vagas nos hospitais públicos da cidade.

Alguns pacientes chegam a esperar mais de 15 dias transferência, sem o atendimento adequado.

Na manhã desta quarta-feira (24), 86 pacientes precisavam de terapia intensiva, mas só 37 leitos na cidade estavam livres. Prefeitura disse que suspendeu as cirurgias eletivas na rede municipal, e que essa semana abriu mais 20 leitos de Covid-19 (leia mais abaixo).

Até esta quarta-feira (25), a cidade do Rio tinha mais de 130 mil pessoas infectadas e quase 13 mil mortes por coronavírus.

João Mello morreu na terça-feira (24), três dias antes de completar 59 anos. A família diz que foi difícil conseguir atendimento para ele quando os sintomas da Covid pioraram.

“Ontem enterrei meu pai por causa da Covid. Tivemos que correr 3 Upas no município do Rio de Janeiro para ser atendido. E tivemos que ser transferidos para Duque de Caxias. Usem máscara, usem em álcool porque a doença não foi embora”, disse o filho, Klaus Frazão.

 

Testes em massa

 

Também na terça, o governo do estado anunciou uma testagem em massa da população, depois de oito meses do início da pandemia.

A prefeitura está concentrando os testes em algumas unidades básicas de saúde, como a de Olaria.

A Associação de Medicina de Família disse que falta acesso aos testes, o que dificulta o controle da doença.

“Em algumas partes da cidade, não são todas, a gente tem agendamento disponível só para janeiro. Se a gente quer pensar, por exemplo, em estratégias de isolamento, baseadas no resultado do teste do swab nasal, que é uma possibilidade em alguns países, a gente não consegue”, explica Gabriel Velloso.

Taxa de ocupação chega a 93%

 

No Hospital Salgado Filho, no Méier, na Zona Norte, 8 pessoas estão na emergência esperando uma vaga de internação. O pior problema é a falta de leitos de UTI.

Segundo a Prefeitura do Rio, a ocupação é de 93%. Mas na prática, não há mais vaga em UTI na rede SUS da capital.

Na manhã desta quarta-feira (25), 86 pacientes precisavam de terapia intensiva, mas só 37 leitos na cidade estavam livres.

E mais de 30 pacientes graves ainda não tinham conseguido uma vaga. Alguns esperam desde o início do mês.

“Não existe uma coordenação. Os equipamentos que foram comprados foram mobilizados nos hospitais de campanha, que ajudaram em muito sim, mas aqueles hospitais geridos principalmente de uma forma direta pelo poder público nunca ficaram cheios”, diz a médica Chrystina Barros.

Além do fechamento dos hospitais de campanha e do incêndio no Hospital Federal de Bonsucesso, alguns hospitais estão com leitos de UTI para coronavírus fechados.

É o caso do Hospital Clementino Fraga Filho, da UFRJ. Dos 60 leitos reformados por empresas particulares para enfrentar a pandemia, só dez funcionam.

O motivo é a falta de médicos. As equipes de saúde eram contratadas em um convênio com a prefeitura. O dinheiro é repassado pelo governo federal, mas fontes do RJ1 dizem que o município reduziu o número de profissionais.

 

O que dizem o hospital da UFRJ e a prefeitura

 

A direção do Hospital Clementino Fraga Filho disse que houve uma redução no número de leitos para coronavírus no dia 1º por causa do fim dos contratos temporários dos profissionais de saúde.

Mas a Prefeitura do Rio disse que prorrogou esse convênio com a universidade até o fim do ano.

A prefeitura também afirma que suspendeu as cirurgias eletivas na rede municipal, e que essa semana abriu mais 20 leitos de Covid.

 

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