Gabigol minimiza pressão no Flamengo, mas admite incômodo na reserva
Gabigol minimiza pressão no Flamengo, mas admite incômodo na reserva
FOTO: ALEXANDRE VIDAL / CRF
Depois de muito tempo, Gabigol voltou a dar uma entrevista coletiva no Flamengo. Na manhã desta sexta-feira, no Ninho do Urubu, o atacante reapareceu em frente das câmeras e encarou as perguntas da imprensa justamente em um momento de cobrança sobre o time, que foi alvo de protesto de torcedores na última terça, não vence há três jogos no Campeonato Brasileiro e se vê mais distante da briga pelo título. Em sua primeira resposta na videoconferência, o camisa 9 rubro-negro afirmou:
– Pressão vai ter. É Flamengo. Mas quem não gosta de pressão? Às vezes eu joguei em times que jogavam para empatar. No Flamengo você quer vencer todos os jogos, e isso é a melhor coisa. O Rogério (Ceni) sabe disso e sabe lidar muito bem com isso. O que temos que fazer? Vencer os jogos, simples assim. E quem sabe lá na última rodada a gente se sagra campeão.
Dando risada, Gabigol negou boatos de que o ambiente entre os jogadores esteja conturbado. Porém, admitiu que a reserva o incomoda. No último jogo, na derrota para o Ceará, o atacante ficou no banco sem chuteiras e com uma camisa de treino por baixo do colete, até trocar por exigência da arbitragem. Ele explicou o episódio, que deixou muitos torcedores desconfiados, mas não escondeu a insatisfação:
– Muito. Não quero estar no banco. Ninguém quer. Ou você acha que o Pedro quando estava (no banco) ficava feliz? Ou que o Michael quando não entra fica feliz. Na Europa é normal isso acontecer, de o jogador não usar a camisa no banco. Fiquei sem a chuteira pois tive uma lesão grave no tornozelo e incomoda um pouco. Não tem nenhum problema com isso. Vão falar pois dá ibope. Creio eu que independentemente de como eu ficasse, iria sair matéria.
Veja outras respostas de Gabigol:
Desconforto e descontentamento?
– Eu sou muito espontâneo e sou de coração, tanto para o bom quanto para o ruim. Mas não. Eu estava no banco e não gosto. Quero sempre ajudar. Mas respeito meus companheiros e quem entrou. Muita gente falou muita besteira, principalmente de eu não estar com a camisa de jogo. Mas contra o Fortaleza eu também não estava, entrei e fiz o gol. Eu sei que quando eles falam essas coisas eles ganham ibope, então é normal repararem em tudo. Se estivesse sorrindo estava feliz no banco, se estivesse triste, estava incomodado no banco (risos). Não gosto de falar muito sobre isso, mas já que perguntaram, está aí a resposta.
“Panelas” no elenco?
– (Risada) Outra coisa que acho que nem deveria ser perguntado. Não existe isso. Claro que em um grupo de 20, 27, 30, não sei, mais aqui no CT que tem, sei lá, 50, 60 pessoas trabalhando diariamente, ter afinidade com uma pessoa é normal. Mas aqui dentro do clube, que praticamente são os mesmos jogadores que ganharam em 2019 não tinha panela e quando perde tem (risos). É uma loucura muito grande que está sendo criada. Mas dá ibope, é o Flamengo, tem jogadores grandes envolvidos, é normal que falem, mas não existe. Acho que do grupo que foi campeão não estão dois, três… Dois? Então não tem porque ter panela. Isso não existe e é realmente muito engraçado (risos).
Falta de comando?
– Não, a gente tem sempre pessoas que dão respaldo para a gente, como (Rodolfo) Landim, Marcos Braz, (Bruno) Spindel e o nosso treinador. Não sinto que falta isso. Eu sinto que faltam os resultados. Quando a gente ganha é tudo maravilhoso.
Qual a mudança mais urgente?
– Vencer. Simples assim.
Dupla com Bruno Henrique
– Como a gente joga junto há muito tempo, as defesas se ligam na nossa movimentação. Somos muito bem marcados. Mas temos treinado isso com o Rogério. Os números provam que temos dado resultado, mas temos que melhorar. A gente tem feito de tudo para se aproximar mais em campo e finalizar bem as jogadas.
Líderes do elenco, quem são?
– Cada um tem a sua liderança. O Filipe (Luís) fala mais com a gente e não com a imprensa. Diego Alves, Diego são líderes em campo. Tem eu que sou um líder, mas totalmente diferente deles. Totalmente espontâneo, que vai no juiz e briga pelo time. O Gerson tem comprado a nossa ideia de ser um líder. Renê e Arão estão aqui há muito tempo. Liderança é o que não falta. Precisamos voltar a vencer os jogos que aí vai ter líder para caramba.
Falta do poder de reação nos últimos jogos
– Se a gente for analisar, estamos falando de um time que venceu uma Libertadores faltando três minutos, que contra o Racing fez um gol no finalzinho. Precisamos melhorar, matar os jogos antes, ter mais cuidado taticamente para não sofrer gols. Precisa fazer mais gols e tomar menos gols. Nosso time vem trabalhando isso muito durante a semana, para fazermos um bom jogo contra o Goiás e vencer.
Motivo dos resultados ruins
– É uma mistura de coisas. Não só incompetência nossa, mas mérito do adversário. Precisamos eliminar isso. Estamos estudando o Goiás, como eles estão nos estudando. Precisamos melhorar em bola parada, lances que talvez não demos muita importância.
Relação com Ceni
– É muito boa. Com Dome, falaram que briguei com ele no vestiário, que eu não gostava. Com Jorge (Jesus) também. Ceni é um cara que eu aprendo muito. É um cara experiente, que já venceu tudo e está aqui de corpo e alma. Estamos aqui para ajudá-lo e ele nos ajudar também.
Principais erros cometidos
– Comparar com o Flamengo de 2019 é injusto com qualquer time no Brasil. Porque o que aconteceu é muito difícil de acontecer de novo. É o mesmo time, temos o mesmo potencial, mas são tempos diferentes. Temos outro treinador, alguns jogadores diferentes, e jogadores que são marcados diferentes, como eu e Bruno. Em 2020 fomos campeões de algumas coisas. Sim, perdemos Copa do Brasil e Libertadores, o que não queríamos, mas estamos na briga pelo Brasileiro, que somos atuais campeões.
“Como um time que venceu a Libertadores faltando três minutos vai desistir faltando dez jogos para o fim do campeonato?”
Protesto no Ninho
– Se me perguntar se eu acho certo? Não, não acho. Eles vieram aqui, não foi algo tão pacífico, fiquei sabendo que amassou o carro de um jogador. Mas a cobrança em rede social, no estádio, ou quando falam numa boa, é correto. Mas a gente está trabalhando para vencer. Ninguém está trabalhando para perder. A gente sabe o quão bom é ser campeão no Flamengo. Eu jogo no Flamengo por causa deles. Eu quero estar naquela avenida lotada. Foi um dos melhores dias da minha vida.
Mensagem à torcida
– Eu agradeço o apoio deles. Eles cobram porque esperam muito da gente. O que podemos fazer é só uma coisa: falar menos e vencer.